Descompactação é feita por ácidos ou ação luminosa, mas critério econômico interfere na viabilidade
Pesquisadores do Centro de Polímeros Sustentáveis da Universidade de Minnesota, nos Estados Unidos, criaram um tipo de plástico que se autodestrói. O objetivo é produzir plásticos duráveis e degradáveis para diminuir a quantidade do produto nos lixões e meio ambiente, um problema das últimas décadas. O Jornal da USP no Ar falou com o professor Guilherme Andrade Marson, do Instituto de Química da USP, sobre como é possível induzir a degradação de alguns tipos desse material.
Os plásticos são misturas de compostos formados por polímeros, que podem gerar produtos com diferentes consistências, esclarece o especialista. Esses materiais permitiram que a sociedade se adaptasse ao crescimento industrial e possibilitou, por exemplo, que mercadorias fossem transportadas com maior facilidade. Porém, a grande quantidade de plásticos na natureza se tornou um obstáculo, o que demanda, segundo Marson, a criação de polímeros sustentáveis e capazes de se degradar, além de uma mudança de concepção da população e economia.
Pesquisas da USP já propõem soluções, como a produção de plásticos a partir de produtos naturais – biopolímeros – como a celulose, composto encontrado no bagaço da cana. Contudo, o professor afirma que também é necessário a criação de plásticos capazes de serem degradados, não apenas reciclados e remodelados, parte em que o estudo americano foca.
Marson explica que é possível, através de determinados ácidos ou pela ação da luz, descompactar os compostos formadores do plástico, o que permite que ele volte ao seu estado inicial, ou seja, uma matéria-prima. O procedimento funciona com a inserção de certas substâncias nos compostos, que induzem uma reação química capaz de destruir as ligações entre moléculas e degradar o material. O químico diz que o método é possível apenas para alguns tipos de plástico, como as espumas de poliuretano, usadas em colchões e assentos de carros; já aqueles que compõem garrafas e sacolas não fazem parte do grupo.
A química e a tecnologia já propõem alternativas, mas ainda é preciso discutir o quanto o critério econômico interfere na implantação dos novos produtos, já que eles não podem concorrer no mercado com os compostos já utilizados e mais baratos. Quanto a isso, Marson questiona: “Será que para algo se tornar viável o principal critério precisa sempre ser o econômico?”.