As principais tendências de 2024

O que o novo ano traz no mundo da inovação e empreendedorismo

2024 começou a todo o vapor. No contexto de ascensão da inteligência artificial, agravamento das mudanças climáticas e transformações na ordem geopolítica e econômica, o novo ano promete muito no mundo da inovação e do empreendedorismo. Entender as principais tendências nessa esfera para esse ano é de interesse da população geral e pessoas diretamente ligadas a esse nicho. Conforme o consultor de inovação e negócios Robert Frederic Woolley, as tendências são forças que estão moldando o mundo ao nosso redor, e podem ser identificadas através de uma análise cuidadosa de dados e informações. Estão listadas abaixo as principais tendências que, segundo Woolley, dominarão o cenário de 2024.

1- Aceleração da digitalização: a tecnologia está transformando todos os aspectos da vida, incluindo o trabalho, o consumo e o relacionamento com os clientes. A presença cada vez mais cotidiana da Inteligência Artificial (AI), indo além da busca por informação, mas formatação e aprimoramento de dados em informação (information enhancement). A habilidade a ser dominada é a de criar a sensação de ser compreendido (por máquinas e humanos). A força de trabalho/produtiva que usa AI vai substituir a que não usa.

2- Crescimento em investimentos em Deep Techs: As Deep techs são startups que desenvolvem novas tecnologias complexas, baseadas em pesquisas científicas (hard science) com tecnologias exponenciais (Big Data, IoT e Machine learning). Elas têm o potencial de transformar indústrias e resolver desafios globais em saúde, energia, alimentos, agro, biotechs, e engenharias.

3- Climate techs e energias renováveis: Climate Tech refere-se a uma série de soluções tecnológicas projetadas para lidar com as mudanças climáticas e seus efeitos ambientais, incluindo energias renováveis (outras são alimentos e agro, transportes, carbono e processo industrial). Atualmente estamos na Climate Tech 2.0 que tem sido beneficiado por múltiplos fatores. Um dos fatores mais significativos é o declínio drástico no custo das energias renováveis e das baterias, permitindo a transição energética a uma velocidade e escala que não era alcançável durante a Climate techs 1.0. Em alguns locais a queda drástica dos custos permite que a energia solar e a eólica serem baratas do que os combustíveis fósseis. Para muitos especialistas 2024 será “o ano da transição”, é esperado que mais empresas estabeleçam metas baseadas na ciência (science-based targets, SBTs) para reduzir as suas emissões e desenvolvam planos de transição energética credíveis para cumprir as suas metas.

4- Sustentabilidade (ESG) ampliada: Os consumidores estão cada vez mais preocupados com o impacto ambiental, social e econômico das empresas, refletindo na decisão de consumo. Essa tendência de priorização ESG está ampliada a investidores (anjos, incubadoras e aceleradoras, Venture Capital, Equity crowdfunding, etc.) no processo de decisão de investimento para empresas e startups em estágios cada vez mais iniciais.

 

Para além dessas tendências de negócios e setores econômicos, há também tendências que afetam o médio e longo prazo dos sistemas socioeconômicos em geral. 

1- Novos modelos econômicos: o modelo tradicional de crescimento e desenvolvimento das empresas tem se mostrado limitado, um indicador é a baixa qualidade da saúde psico-emocional dos funcionários (modelos de negócios ultrapassados geram lucro ao custo da saúde física e emocional do time). O conceito filosófico de consumo por reputação tem despertado o interesse do consumidor por empresas que praticam novos modelos econômicos, como economia circular, economia colaborativa, economia social e bem-estar, economia regenerativa e Freenemies. Esses modelos devem crescer nos próximos anos, tanto pelo interesse do consumidor quanto pela admiração e aspiração em trabalhar nessas empresas.

2- Novos modelos de liderança e empoderamento: no mundo VUCA (volátil, incerto, complexo e ambíguo) em que vivemos, a liderança tradicional, baseada em hierarquias rígidas e autoridade formal, não é mais suficiente. Para enfrentar os desafios e oportunidades emergentes, os líderes precisam desenvolver novas competências e habilidades. Nesse novo contexto, líderes precisam ser adaptáveis, strategic foresight (ser estrategicamente visionário) e promover o empoderamento dos colaboradores, estimulando a inovação, a colaboração e a inteligência emocional. Além disso, a transparência, a comunicação aberta, a liderança educadora e a postura ambidestra são elementos essenciais para criar organizações resilientes e impulsionando ambientes de trabalho positivos e inspiradores.

3- Humanização da tecnologia digital: ao colocar o ser humano no centro do desenvolvimento e aplicação da tecnologia, surge o humanismo digital, uma corrente filosófica que busca equilibrar o progresso tecnológico com a preservação dos valores humanos e a garantia de um futuro mais justo e sustentável para todos. Existe a oportunidade de se diferenciar no mercado ou nadar em oceano azul investindo no surgimento de novas tecnologias dentro desses conceitos, no surgimento de empresas e serviços (jurídicos e em saúde) e políticas corporativas e leis voltadas para a garantia dessa corrente filosófica.

4- Ambidestria corporativa: é a capacidade de uma empresa/organização equilibrar a exploração de novas oportunidades com a explotação de suas operações atuais. A exploração refere-se à busca de novas ideias, tecnologias, mercados ou modelos de negócios, visando a criar vantagens competitivas e garantir a relevância no futuro. A explotação, por sua vez, refere-se à melhoria contínua das atividades existentes, buscando otimizar processos, reduzir custos, aumentar a eficiência e obter lucros.

Após um 2023 cheio de conquistas para a USP, como sua colocação entre as 100 melhores universidades do mundo, presença de alumni entre as 100 pessoas mais inovadoras da América Latina e seu título de universidade mais empreendedora do Brasil, as possibilidades para 2024 são animadoras. Como foi apontado pela Universidade de Duke, a ciência, e, consequentemente, a universidade, tem um papel fundamental no desenvolvimento de empresas e da inovação. Considerando que esse ano marca 90 anos da fundação da universidade, a USP se mostra cada vez mais uma instituição tradicional com o olhar voltado para o futuro.