Artista plástico ensina Inteligência Artificial a gerar desenho de observação

Programa desenvolvido por artista da Escola de Comunicações e Artes simula desenho de observação através de imagens de câmera digital

Obra de Sergio Venancio (Retratos e AutorRetratos) na Exposição Coletiva dos alunos de pós graduação em poéticas visuais. Local: Espaço das Artes-ECA. Foto: Cecília Bastos/USP Imagem

Em pesquisa realizada na Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP, o artista plástico Sergio Venancio desenvolveu um software de inteligência artificial chamado Extentio, que simula o processo de desenho de observação através de imagens geradas por câmeras digitais.

Uma das inspirações para a criação do software veio do artista britânico Harold Cohen, que desenvolveu um robô capaz de desenhar e pintar na década de 1970. Cohen serviu de base para os estudos de Venancio.  O Extentio começou a ser desenvolvido antes de Venancio ingressar no mestrado e, com o tempo, transformou-se em um tipo de simulador de desenho de observação. Foram incorporados conceitos ao estudo como o de Visão Computacional, área da inteligência artificial que treina computadores para interpretar e entender o mundo visual, e Machine Learning (Aprendizado de Máquina).

O programa utiliza uma câmera treinada, através de algoritmos, para reconhecer determinados elementos, como o rosto de uma pessoa. “Quando as imagens são captadas, enquadradas e redimensionalizadas, o software, que traça apenas linhas, começa a desenhar usando-as como base. É uma simulação de desenho de análise, porque a análise e o desenho são feitos simultaneamente”, explica.

Desenho de Sergio Venancio feito pela Inteligência Artificial – Foto: Cedida pelo artista

A reprodução de um desenho a partir de papel vegetal colocado sob uma fotografia é uma analogia que consegue esclarecer o funcionamento do Extentio. A máquina não reproduz exatamente a imagem captada pela câmera. Por exemplo, se o rosto que será desenhado tiver óculos e sobrancelhas da mesma cor, o programa pode produzir rabiscos pretos em torno dessa região que apresenta as mesmas cores.

“Acabam saindo figuras um pouco longe da foto referencial. Por se tratar de um software de inteligência artificial é possível gerar formas improváveis e diversos outros estilos”, explica o artista.

Quando questionado sobre a relação entre inteligência artificial e arte, Venancio diz que essa tecnologia não toma o lugar do artista, mas é uma ferramenta interessante para o processo criativo.

Exposição Pós-Gráfica 

As obras geradas pelo software desenvolvido por Venancio podem ser vistas na Exposição Pós-Gráfica, que reúne trabalhos de sete artistas que estudam poéticas visuais na ECA e fazem parte do Programa de Pós-graduação em Artes Visuais. O que une todas as produções é a utilização de processos diferentes de impressão, como gravura, fotografia e desenhos, por exemplo.

A exposição Pós-Gráfica reúne diversos trabalhos resultantes de pesquisas de mestrado e doutorado em artes plásticas – Foto: Cecília Bastos/USP Imagens

A exposição vai até o dia 14 de novembro e acontece no Espaço das Artes (Rua da Praça do Relógio, 160, Cidade Universitária – USP), de segunda a sexta das 10 às 20 horas. A entrada é gratuita.

O artista conta que o interesse pela junção entre arte e inteligência artificial é de longa data. “Quando estudava na Unicamp fiz uma Iniciação Científica relacionada à arte e tecnologia. Um dos meus focos era tentar traduzir a linguagem artística, que comunica desde o início da humanidade, em linguagem computacional”, explica.  A dissertação de mestrado, iniciada em 2017 e que faz parte do Programa de Pós-graduação em Artes Visuais (PPGAV) da ECA, teve orientação da professora Silvia Regina Ferreira de Laurentiz e foi apresentada em outubro de 2019.

Informações do Jornal da USP.

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