As tendências e dificuldades da inovação e do empreendedorismo para 2022

 

Chegando ao final de um ano conturbado como 2021 não somente para brasileiros como para pessoas ao redor de todo mundo, surge a necessidade fazer uma retrospectiva e analisar o desempenho anual nas mais diversas áreas, projetando inclusive seus respectivos cenários futuros. Mas quais são as tendências para o mundo da inovação e do empreendedorismo em 2022?

Dado o potencial já provado que o Brasil possui quando falamos em inovação, sempre espera-se grandes conquistas e premiações por parte de empresas brasileiras, sendo uma tendência nesse cenário. Ainda sim, apesar de todas as dificuldades enfrentadas nos mais diversos setores da sociedade em 2021, o Brasil alcançou o 57° lugar no ranking mundial de inovação divulgado pela Organização Mundial da Propriedade Intelectual (OMPI), apresentando mais uma vez sua capacidade de um crescimento cada vez maior no que refere-se à inovação.

Em relação ao empreendedorismo, segundo o relatório realizado pelo Sebrae em parceria com o Instituto Brasileiro de Qualidade e Produtividade (IBPQ), durante a pandemia houve um crescimento significativo na taxa de desemprego formal, levando milhares de pessoas a recorrer ao empreendedorismo por necessidade de obter uma fonte alternativa de renda. O presidente do Sebrae Carlos Melles alega que, apesar da queda na taxa de empreendedorismo no Brasil, ter uma empresa tornou-se o segundo maior sonho dos brasileiros, fazendo com que o país ocupe o 6° lugar no ranking da maior proporção da população adulta que, apesar de não empreender, pretende abrir uma empresa nos próximos 3 anos, totalizando 50 milhões de brasileiros com este desejo.

Em concordância, dados apresentados pelo Ministério da Economia apontam que o tempo médio de abertura de um negócio apresentou uma queda no segundo quadrimestre de 2021, alcançando o número de 2 dias e 16 horas, desempenho positivo comparado aos anos anteriores. Além disso, a pesquisa aponta que 1,4 milhão de empresas foram abertas somente entre maio e agosto deste ano, acompanhando assim as tendências de crescimento apresentadas nos anos anteriores. Vale ressaltar também que esses números levam em consideração empresas de pequeno, médio e grande porte.

Ainda sim, mesmo com a tendência de um crescimento cada vez maior no cenário do empreendedorismo brasileiro muito devido ao desemprego e à precarização do trabalho, as desigualdades de gênero e raciais presentes na sociedade atingem tanto esse setor quanto o da inovação. Segundo pesquisa realizada pelo Sebrae, apesar de serem mais escolarizadas e representarem 49% dos empreendedores iniciais, as mulheres nessa área ganham cerca de 22% a menos do que os homens e vêem suas empresas fecharem mais rápido, sem contar as dificuldades relatadas para conseguir parcerias e investimentos.

É possível observar também tal desigualdade no que se refere as dificuldades enfrentadas por negros nesse cenário, onde apesar de 56% da população brasileira se autodeclarar preta ou parda (IBGE) e representarem a maior parte da força de trabalho que move a economia do país, ainda enfrentam o racismo em todas as áreas da sociedade, inclusive na hora de empreender. Segundo o Instituto Locomotiva, apesar de empreendedoras e empreendedores negros movimentarem R$ 1,7 trilhão por ano no Brasil, ainda sim a renda média do empreendedor negro representa metade da renda do empreendedor não negro. Já um estudo qualitativo realizado pelo grupo Itaú Unibanco revela que empreendedores negros encontram maiores obstáculos e dificuldades em conseguir acesso à linhas de crédito, explicitando assim o racismo enfrentado na área.

Dessa forma, é possível notar uma tendência e um enorme potencial do país tanto na área da inovação quanto no empreendedorismo, exigindo que cada vez mais possamos colaborar na educação e formação de pessoas preparadas para esse mundo, mas que também olhemos para os preconceitos e falhas ainda cometidas que refletem fortemente no empreendedorismo, impedindo inclusive uma evolução e um crescimento individual e da sociedade como um todo.

 

Por: Geovanna Moraes