Vanderlei Bagnato, coordenador da Agência USP de Inovação, avalia a gestão Zago nas áreas de inovação e empreendedorismo.
O professor Marco Antonio Zago assumiu a reitoria da Universidade de São Paulo em 2014,em meio a um cenário conturbado em âmbito nacional bem como dentro da própria Universidade, apresentando planos de mudanças estruturais para a USP. Dentre as propostas de sua chapa – Todos pela USP!, que inclui o então candidato a vice-reitor Vahan Agopyan – há um tópico dedicado à inovação. Nele, os candidatos a reitor e vice-reitor destacam a importância da inovação tecnológica para a sociedade e a USP como um todo e relacionam ações a serem desenvolvidas pela Agência USP de Inovação, com apoio da reitoria, para fomento da inovação e empreendedorismo. Com a gestão de Zago chegando ao fim nos próximos meses, o professor Vanderlei Bagnato, coordenador da Agência USP de Inovação, faz um balanço do período no que diz respeito à inovação. “Realizar a inovação e contribuir de forma marcante para o progresso da nação passou a ser uma obrigação da USP”, defende Bagnato. Por meio da inovação, aplica-se, de forma prática, o conhecimento gerado na Universidade, resultando em benefícios para a sociedade e riquezas para o país. Portanto, para uma instituição de ensino e pesquisa responsável por 22% de toda a produção científica do Brasil, conforme aponta o relatório da gestão 2014-2017, divulgado pela reitoria, é imperativo inovar. “Hoje a inovação é um dos pilares que a Universidade de São Paulo usa para apoiar suas atividades”, afirma. Ainda que a USP sempre tivesse a intenção de cooperar para o desenvolvimento do país, de acordo com o professor, a inovação realizada como atividade-fim é recente: “De um modo geral, a inovação e o empreendedorismo na Universidade são coisas, do ponto de vista organizacional, novas”. Ele acredita que as gestões passadas contribuíram com elementos que possibilitaram abordar a inovação de forma sistemática nos últimos anos, de maneira que agora a USP pode também ser considerada referência na área. “Durante a gestão do atual reitor houve uma grande consolidação do empreendedorismo e da inovação no ambiente acadêmico. A inovação em cada unidade se tornou rotina e passou a fazer parte da agenda dos estudantes. Agora os alunos chegam à Universidade querendo ter uma experiência inovadora”.
O coordenador ressalta que para consolidar a inovação e o empreendedorismo na USP foi preciso agilizar e tornar um hábito a cooperação com o setor produtivo. “Toda empresa que nos procurou para o desenvolvimento de tecnologias ou processos foi atendida. No passado, tínhamos um processo lento para convênios, porque cada um era analisado de uma forma diferente. Foi necessário tornar a cooperação da Universidade com o setor produtivo uma rotina”, explica. “Não se trata mais de uma singularidade; trata-se agora de uma regra”. Bagnato aponta também o crescimento da Agência USP de Inovação como um dos fatores essenciais para a consolidação da inovação e do empreendedorismo na Universidade na gestão Zago. “O programa de gestão, divulgado no momento de sua candidatura, discorria que a atividade de inovação seria centrada no apoio da Agência e dividida em alguns ramos”, lembra. Um dos ramos era traçar ações voltadas à comunidade acadêmica, visando implementar a cultura da inovação entre os estudantes e pesquisadores: “Era preciso fazer um determinado número de atividades que sensibilizassem os docentes e os alunos para que, sempre que possível, contribuíssem com a inovação”. Isso foi executado por meio de eventos e ações organizadas pela Agência USP de Inovação – apenas em 2016 a Agência realizou 301 eventos e ofereceu uma disciplina voltada para inovação e empreendedorismo – que teve 214 alunos matriculados –, e um Hackathon.
Outro plano da gestão era incentivar programas e grandes projetos, tanto do setor produtivo quanto em parceria com o governo federal, que valorizassem a inovação. “Tudo isso foi feito, e esse esforço culminou, no final do mandato do atual reitor, na implementação de quatro unidades Embrapii dentro do território da Universidade de São Paulo”, o professor pontua. A Embrapii é uma organização social cujo objetivo é fomentar a inovação no setor industrial brasileiro, fortalecendo colaborações entre instituições de pesquisa e indústrias. De acordo com Bagnato, com as novas unidades – duas na Escola Politécnica, uma na ESALQ e uma no Instituto de Física de São Carlos –, o número de acordos e parcerias firmadas pela USP por ano tende a crescer de forma considerável. Ainda, a comunidade externa foi levada em consideração no planejamento de ações relacionadas à inovação. “Além de valorizarmos as parcerias, nós desenvolvemos atividades que buscaram realizar inovação com responsabilidade social, para atender a necessidades da sociedade brasileira”, diz o coordenador. Nesse esforço, a USP também participou das discussões sobre o Marco Legal da Inovação, aprovado no início do ano passado. “Nós trabalhamos dentro e fora da Universidade para que a inovação fosse executada de maneira satisfatória”, afirma. Mesmo com o progresso considerável – um exemplo é o impacto global da USP, que segundo a base Scopus, cresceu de 0,95 para 1,16 em 2016; o impacto médio do mundo é de 1,0 – Bagnato comenta que algumas metas para a área de inovação e empreendedorismo não foram atingidas durante a gestão 2014-2017. “Apesar de termos trabalhado intensamente, o momento econômico do país não permitiu que avançássemos em alguns pontos”. Um deles era o plano de criar um parque tecnológico dentro da USP. “É extremamente importante que exista na Universidade um espaço que abrigue centros de desenvolvimento que atuem em sinergia”.
Contudo, a meta não foi deixada de lado: “O parque tecnológico não foi colocado em prática durante a gestão, mas ele está em andamento e acredito que será concluído em um futuro muito próximo”, reflete. O que o coordenador identifica que o reitor deixará para a próxima gestão? “Hoje as palavras inovação e empreendedorismo fazem parte do slogan da Universidade de São Paulo. Esse é o nosso grande legado de um modo geral.” Ele destaca também a classificação como universidade brasileira mais inovadora e empreendedora do Brasil, atribuída à USP pela pesquisa da revista Pequenas Empresas, Grandes Negócios, publicada em novembro de 2016 e também evidenciada pelo Ranking Universitário Folha. “Agora nos preocupamos mais e somos cada dia melhores no quesito inovação tecnológica e empreendedorismo”, defende. “A inovação está presente em nosso dia a dia, não apenas como discurso, mas como ação concreta para a comunidade acadêmica, o Estado de São Paulo e para o país. Os esforços feitos nos últimos anos tornaram a USP a universidade mais inovadora do Brasil e da América Latina. Esta classificação mostra o quanto estamos empenhados na inovação”. Sobre as expectativas para o novo mandato, Bagnato afirma: “Esperamos que a nova direção da USP dê continuidade às atividades que deram certo e implementem ações que aumentem a relevância e impacto da Universidade no quesito da inovação e do empreendedorismo”.