Big Data permite indicar crimes cruzando dados existentes

Marcelo Batista Nery diz que só na região metropolitana de São Paulo são 3 milhões de boletins de ocorrência por ano

A complexidade do desenvolvimento das cidades e da gestão urbana exige constantes inovações no campo das políticas públicas. Nesse contexto, o seminário Inovação em Políticas Públicas Urbanas, promovido pelo Programa USP Cidades Globais do Instituto de Estudos Avançados (IEA) da USP, visa a promover diálogos e reunir experiências sobre a aplicação de novas práticas e tecnologias às políticas públicas urbanas com temas como: big data, mineração de dados, internet das coisas, tecnologia social, segurança cibernética e regulação do uso de dados e de novas tecnologias aplicados à promoção da sustentabilidade urbana.

Marcelo Batista Nery, doutor em Sociologia pela USP, pesquisador coordenador de transferência de tecnologia do Núcleo de Estudos da Violência (NEV) da USP, ressalta a quantidade de informação produzida quando o assunto é segurança. “Só na região metropolitana de São Paulo são mais de 4 mil ligações por dia ao 190. Nem todas configuram ocorrência, porém normalmente geram um boletim de ocorrência. São cerca de 3 milhões de registros por ano. Cada um com informações como gênero e idade da vítima e do autor da infração, modo de operação do criminoso e a natureza do crime (furto, roubo, homicídio, etc.)”, afirma ao Jornal da USP no Ar. Daí a importância de ferramentas para análise de dados.

O especialista aponta as possibilidades de compreensão do cenário brasileiro para melhorar a implementação de políticas públicas de segurança pública, ao se cruzar esses dados. “Com os mais avançados sistemas de análise é possível indicar quais crimes se dão em dado local e momento. Quais as suas características, além de outras variáveis com correlação ao acontecimento”, expõe Nery.

Ele comenta o trabalho desenvolvido por Luis Gustavo Nonato, professor do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP no campus de São Carlos.  “Em conjunto com o NEV, Nonato desenvolve um software de análise e visualização de dados usando big data (manipulação de grande volume de variadas informações em grande velocidade). O sistema possibilitará a visualização dos lugares com maior números de ocorrências, quais são e onde se concentram”, conta o pesquisador.

Nery lembra da importância de se proteger no âmbito virtual. “Hoje, apenas com CPF e e-mail da pessoa, é possível agir criminalmente contra ela. Muitos têm acesso à internet, mas não sabem se apresentar, o que informar nas redes sociais. Isso permite que gente má intencionada pratique ilicitudes. Quando se trata de um dono de empresa, os montantes envolvidos nesses crimes são ainda maiores”, comenta o sociólogo.

Sendo assim, as ferramentas de segurança e encriptação avançam a cada dia, mas também evoluem os criminosos. “Uma prática comum é conseguir as senhas de acesso de uma pessoa e alterá-las. A seguir, começa uma extorsão. A vítima só consegue acesso ao próprio dinheiro seguindo as regras de seu agressor”, afirma Nery.

Com o intuito de gerar mais esclarecimentos em ambos os sentidos o Instituto de Estudos Avançados (IEA), dentro do seminário Inovação em Políticas Urbanas Marcelo Batista Nery será o moderador do painel Inovação e Segurança. Se somarão ao debate o professor Luís Gustavo Nonato; Roberto Gallo, coordenador do Comitê de Segurança e Riscos Cibernéticos da Associação Brasileira de Empresas de Software (Abes); e, o procurador-geral da Justiça do Estado de São Paulo, Fábio Bechara. O evento será no dia 7 de agosto, das 8h às 17h30. O painel de Nery se iniciará às 14h. Para se inscrever no evento e acessar mais informações clique aqui. A transmissão ao vivo será neste site.

Outras dúvidas: 3091-1678

Por Pedro Texeira – Jornal da USP

VOCÊ PODE GOSTAR ...