Quem é o aluno empreendedor da USP?

Um estudo da Agência USP de Inovação, coordenado pela ex-vice coordenadora Profa. Dra. Luciane M. Ortega, buscou traçar o perfil empreendedor dos alunos da graduação e pós-graduação da USP. Com um formulário on-line composto de 39 perguntas divulgado entre agosto de 2015 e junho de 2016, a pesquisa obteve 1.964 respostas – dessas, 64,2% de alunos da graduação. Além de descobrir quem é o aluno empreendedor da Universidade, procurou-se analisar como os alunos de modo geral percebem as iniciativas de fomento à inovação e empreendedorismo realizadas pela instituição de ensino e também entender a posição do estudante da USP perante essas áreas.

Crédito: Cecília Bastos/USP

O principal retorno do estudo foi a constatação que, ainda que o empreendedorismo universitário seja uma grande tendência dos últimos dez anos, na Universidade de São Paulo o movimento ainda é tímido. Do total das respostas, 38,8% declararam que almejam ser empreendedores e apenas 11,2% estão criando ou já empreendem. Contudo, sabe-se que o cenário é, na realidade, melhor: para além do estudo realizado, há um número considerável de empresas que nascem de pesquisas da USP e diversas patentes depositadas e licenciadas, além de eventos e ações de empreendedorismo apoiadas pela a Universidade, como a Olimpíada USP de Inovação, Startup Weekend e BioMaker Battle, que contam com ampla participação dos estudantes.

Perfil

A maior parte das respostas recebidas pelo estudo veio da Escola Politécnica, seguida pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH). No número total de alunos, a FFLCH é o maior instituto da Universidade, enquanto a Poli fica em segundo lugar. A maior quantidade de respostas da EP, contudo, pode ser vista como um reflexo do oferecimento mais abundante de atividades relacionadas à inovação e empreendedorismo na instituição – a Empresa Júnior Poli Jr. por exemplo, foi quem iniciou o movimento de empresários juniores na USP, em 1989. As empresas juniores, por sinal, foram bastante citadas nas respostas ao formulário: 67,8% dos alunos disseram participar de alguma entidade estudantil ou atividade de extensão, sendo, em sua maioria, participações nas empresas geridas pelos próprios estudantes.

Outro ponto que chamou a atenção foi o resultado à pergunta “Qual trabalho você escolheria caso tivesse oportunidade?”. A reposta mais popular foi “empresário”, escolhida por 35,1% dos alunos. Além disso, ressalta-se que, dos alunos que já empreendem, 85,8% afirmou possuir amigos também empreendedores, confirmando a importância do contato com cases de sucesso como incentivo para o empreendedorismo.

Dentre esses alunos, constatou-se que têm maiores expectativas em seus negócios no que diz respeito a independência e recompensas pessoais do que rendimentos financeiros. Isso poderia estar ligado ao estágio das empresas dos alunos: metade ainda não tem funcionários e mais de um terço não teve faturamento até agora, ou seja, estão em fases iniciais.

Ecossistema uspiano de inovação e empreendedorismo 

De acordo com pesquisa realizada pela Confederação Brasileira de Empresas Juniores de 2016, a USP está em primeiro lugar no ranking de universidades empreendedoras do Brasil. Contudo, o estudo, visando retratar o perfil do aluno empreendedor da Universidade, constatou que ainda há um alto grau de desconhecimento sobre as iniciativas da Instituição nas áreas de inovação e empreendedorismo, como as incubadoras ligadas à USP e a Agência USP de Inovação. Ainda assim, quase um terço dos alunos que responderam ao questionário já cursaram alguma disciplina relacionada aos temas – isto significa que já foram ao menos sensibilizados ao empreendedorismo.

Para fortalecer a cultura empreendedora na Universidade de São Paulo, propiciando aos alunos um espaço mais propenso ao surgimento de novos negócios, o estudo sugere a necessidade de melhorar o oferecimento de ações na área voltadas aos alunos e a comunicação dos órgãos e iniciativas de inovação e empreendedorismo com a comunidade uspiana.

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