Vacina contra a dengue une Instituto Butantan e Merck em parceria

Pela primeira vez, Brasil exportará tecnologia na área gerando mais de US$ 101 milhões ao instituto

O Instituto Butantan e a Merck assinaram contrato de transferência tecnológica para desenvolvimento e comercialização, no exterior, de vacina de combate à dengue. Com um pagamento inicial de US$ 25 milhões, o acordo é o maior do gênero firmado pela indústria farmacêutica brasileira. Com apoio não reembolsável de R$ 120 milhões do BNDES por meio de duas operações, o Butantan desenvolveu uma vacina que está na fase III de pesquisa clínica, a última antes da solicitação de registro, além de um processo inovador de liofilização, com patente concedida em diversos países do mundo. O Jornal da USP no Ar conversou sobre o assunto com o diretor do instituto, Dimas Tadeu Covas.

Covas explica que se trata de um contrato em que, no primeiro momento, quem transferirá a tecnologia será o Instituto Butantan. A vacina já está em desenvolvimento no instituto há mais de dez anos, se encontra na fase final dos testes clínicos e já há uma fábrica pronta para a sua produção. A Merck é uma multinacional com forte atuação no campo de vacinas que já vinha desenvolvendo uma imunização para a dengue muito próxima à do instituto, embora em fase menos avançada. Em troca de cessão da vacina, a Merck fará uma transferência de recursos ao Instituto Butantan, inicialmente, de US$ 26 milhões, e nos próximos 18 a 24 meses completará o valor de US$ 101 milhões. Para o diretor, o acordo simboliza uma inversão do que é usual, já que o instituto está oferecendo tecnologia para o exterior e não o contrário, e isso traz a perspectiva de um futuro promissor.

Ele relembra ainda que todas as vacinas, soros e medicamentos produzidos pelo Butantan têm um único destinatário no Brasil: o Sistema Único de Saúde (SUS), buscando o benefício da população. No acordo com a Merck, não é diferente: além do direito aos royalties sobre a distribuição da vacina no resto do mundo, o instituto detém a exclusividade sobre sua comercialização no mercado brasileiro. A vacina poderia começar a ser produzida na fábrica do Butantan a partir de maio deste ano, mas, para disponibilizá-la ao público, é necessário primeiramente concluir os estudos clínicos. Em razão dos baixos níveis atuais de epidemia de dengue, que dificultam os testes, Covas especula que a vacina não deve estar registrada antes de 2021. Surge aí mais um ponto positivo da parceria com a Merck: a empresa possui centros em localidades no mundo em que a epidemia é muito elevada, possibilitando que a vacina seja testada nesses lugares.

As vacinas são, segundo o doutor, parceiras da boa saúde e não trazem problemas para os usuários. É necessário que não sejam esquecidas para que se impeça que doenças antigas, como o sarampo, retornem.

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