Startups desenvolvem tecnologias para criar superjogadores

 – Jornal da USP

Empreendimentos em biotecnologia e neurociências podem potencializar desempenho físico e cognitivo de atletas do futebol

Foto: Montagem sobre fotos Wikimedia Commons e pngtree

Em época de Copa, o País inteiro se volta para os jogos da sua seleção e discutir o desempenho dos melhores jogadores de futebol do mundo. Mas o que a imensa maioria dos quase 200 milhões de técnicos do Brasil não sabe é que, além do talento, a tecnologia pode ajudar a elevar ao máximo a performance dos atletas. É isso que fazem duas empresas do Supera Parque de Inovação e Tecnologia de Ribeirão Preto, utilizam técnicas de biotecnologia e de neurociências para criar ferramentas que aumentam a performance física e cognitiva de atletas.

palmeiras.com.br Palmeiras treina jogadores com realidade virtual

A DGLab faz o mapeamento genético do atleta, por meio de teste de DNA, que o ajuda a descobrir como aliar os melhores treinos e os melhores alimentos, de acordo com as respostas do seu organismo. “Os estudos mostram que a forma com que o atleta se alimenta, treina, e outros fatores ambientais, influenciam na performance; mas 50% a 66% do resultado está diretamente relacionado com a genética”, conta Rodrigo Caldeira Ramos, desenvolvedor de negócios da empresa.

Para esse teste, a DGLab utiliza o DNAFit, que analisa amostra de saliva e gera relatório com informações específicas sobre o comportamento do corpo frente ao treinamento e aos nutrientes ingeridos. “O teste revela importantes informações como a resposta de treinamento de força, resistência, recuperação, lesões e um relatório de necessidade de macro e micronutrientes”, enfatiza.

Inédito no Brasil para fins esportivos, os testes DNAFit têm origem na Europa e já foram aplicados em mais de 50 mil pessoas, inclusive em jogadores de grandes times de futebol na Europa, como os da Premier League inglesa. “Com o relatório em mãos, o atleta, com o seu treinador, pode definir qual o melhor treinamento e a melhor forma de nutrição para obter os desempenhos desejados”, diz.

A tecnologia esteve presente, inclusive, nos gramados russos na Copa do Mundo de 2018: o Egito, do craque Salah, que voltou a disputar o torneio depois de 28 anos, utilizou os testes na preparação. “O objetivo foi buscar o aperfeiçoamento dos atletas. E os resultados foram positivos, já que o Egito ficou quase três décadas sem competir em uma Copa”, avalia Ramos.

Treinar o cérebro para melhores respostas

E se é possível uma ajudinha extra para treinar o físico, a Sensorial Sports aposta na união de técnicas de neurociência e realidade virtual para o desenvolvimento de capacidades cognitivas. Através de uma Avaliação de Performance Cognitiva, verifica-se a qualidade de reação, tomada de decisão, visão periférica, controle de impulsividade e a atenção do atleta.

Milton Ávila, diretor executivo da empresa, explica que, até a década de 80, imaginava-se que as tomadas de decisões eram realizadas em uma área específica do cérebro, o que é incorreto. “Hoje se sabe que nós decidimos quando diferentes áreas trocam informações e entram em consenso sobre a melhor escolha”.

dnafit.com Mapeamento genético indica treino e nutrição individualizados

Por isso, treinar o cérebro para dar a melhor resposta possível é, na opinião do empreendedor, o futuro do esporte. “Usar técnicas de neurociências, unidas à biotecnologia, é uma tendência mundial. Acredito que, em cinco ou dez anos, essas técnicas, que estão sendo desenvolvidas de forma pioneira em Ribeirão Preto, estejam em uso em todos os times da série A no Brasil e se tornem indispensáveis”, aposta.

O empreendedor conta que os primeiros testes foram feitos com o time Sub-17 do Palmeiras, em São Paulo: a empresa dividiu os jogadores em três grupos, aplicando cinco medidas de capacidades cognitivas fora de campo. “Os atletas que fizeram parte do grupo experimental participaram de duas sessões semanais de 35 minutos, durante cinco semanas. Eles utilizaram óculos de realidade virtual e foram expostos a estímulos que demandavam rápida reação, tomada de decisão eficiente, utilização de visão periférica e capacidade de perceber os movimentos de uma cena dinâmica, elementos-chaves para uma boa performance no futebol.”

Com o treinamento constante do cérebro, continua Ávila, “foi possível perceber que os atletas submetidos ao processo apresentaram um aumento geral de performance cognitiva (7%) bastante influenciado pelo aumento da atenção (14%)”. A melhora somente ocorreu no grupo treinado pela startup. E esses resultados impactaram na prática dos atletas. Segundo o diretor da startup, o grupo treinado foi 20% mais efetivo nas ações ofensivas dentro de campo quando comparado aos demais. Para ele, verifica-se então a transferência do treinamento para a prática esportiva. “Afinal de contas, este é o objetivo final: treinar o cérebro para expandir as capacidades e impactar a performance na prática”, finaliza.

Supera Parque

O Supera Parque de Inovação e Tecnologia de Ribeirão Preto é resultado de uma parceria entre Fipase, USP, Prefeitura Municipal de Ribeirão Preto e Secretaria de Desenvolvimento do Estado de São Paulo. Instalado no campus da USP local, o parque abriga a Supera Incubadora de Empresas, o Supera Centro de Tecnologia, a associação do Arranjo Produtivo Local (APL) da Saúde, o Polo Industrial de Software (PISO), além do Supera Centro de Negócios.

Ao todo, são 74 empresas instaladas no parque, sendo: 52 delas na Supera Incubadora de Empresas de Base Tecnológica; 15 empreendimentos no Centro de Negócios e sete na aceleradora SEVNA Startups.

Ana Cunha / Assessoria de Comunicação do Supera Parque

Mais informações: e-mail ana.cunha@medialink.com.br

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