A USP promoveu, de 18 a 23 de novembro, a Semana Global do Empreendedorismo, que contou com atividades organizadas pela Agência USP de Inovação em parceria com entidades estudantis de diversos campi da Universidade. A SGE é uma iniciativa da Global Entrepreneurship Network (GEN).
A abertura do evento contou com a participação de Mateus Cecílio Gerolamo, docente do Departamento de Economia, Administração e Sociologia da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP. “É uma semana muito importante para todos nós da Universidade de São Paulo que queremos promover esse espírito de empreendedorismo, tanto dentro do campus, quanto para a comunidade externa”, ressaltou.
Atividades remotas
No primeiro dia da SGE, aconteceu o painel online Empreendedorismo de Mulheres em Áreas Tecnológicas. As convidadas Luciene Rodrigues, co-fundadora da Webba e da We Rock It, e Vanessa Poskus, CEO e co-fundadora da Uppo Brasil, contaram suas experiências nas áreas de inovação e tecnologia. O encontro foi mediado por Camilla Soueneta, docente da Universidade Federal de Uberlândia (UFU).
O segundo dia foi marcado pelo painel online Inovação e Empreendedorismo: Caminhos Locais para Desafios Globais. Organizado e mediado por Camila Cultri, gestora pelo Programa de Formação em Gestão Acadêmica da Inovação e Empreendedorismo (PGI) da USP. A roda de conversa contou com a participação de convidados de diversas áreas para discutirem as possibilidades de construção de um futuro sustentável, como proposto pelas iniciativas locais G20 Social e Startup 20.
Atividades presenciais
Depois do feriado, a SGE foi retomada na quinta-feira (21) com eventos presenciais. No início da tarde, aconteceu o painel Os desafios de uma deeptech, mediado pela professora da Faculdade de Administração, Economia e Contabilidade (FEA) da USP, Liliam Carrete.
Os convidados — Ariosvaldo Pereira, fundador da XINFAX Health Tech; Daniel Pimentel, co-fundador e diretor da Emerge; Gabriela Palhares, CEO do escritório de advocacia Capo e Paula Lima, CEO do Cietec e diretora responsável pela incubadora USP/IPEN — discutiram sobre as dificuldades de empreender dentro da universidade.
Eles destacaram três desafios principais: a captação de recursos nos primeiros níveis de maturidade tecnológica (TRL) de um produto, a falta de conhecimento sobre as etapas de regulamentação e a pouca formação empreendedora para a criação de deeptechs.
No painel seguinte, Descarbonização da economia, a discussão foi sobre os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU). A mediadora, Janaina Barreta, ponto focal da Rede de Soluções para o Desenvolvimento Sustentável da ONU na Esalq, propôs uma reflexão sobre as estratégias desenvolvidas para a diminuição das emissões de carbono, o Acordo de Paris, o fórum do G20 e a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP).
As convidadas do painel contaram como o tema atravessa suas vidas. Carol Baracho é co-fundadora e diretora de educomunicação do Instituto DuClima, organização dedicada a combater o racismo ambiental e abordar as questões urgentes da crise climática brasileira de forma acessível para todos.
Outra iniciativa é o Brechó do Carbono, startup cleantech de base científica que produz carvão ativado a partir de resíduos têxteis. Fundado por Jenny Sayaka, o brechó surgiu com o objetivo de controlar a produção industrial oriunda da indústria têxtil, uma das mais poluentes do mundo. “Com o fast fashion, as roupas não duram nada e em pouco tempo viram lixo. Muitas vezes, [elas] acabam nas ruas e depois nos mares, onde se transformam em microplásticos, já que são feitas de poliéster”, explica a engenheira.
A última convidada foi Ana Paula de Souza, pesquisadora do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), que contou sua experiência nas áreas de bioenergia, economia circular e transição energética. Ela destacou a ODS 7, focada na distribuição de energia limpa para todos e como muitas pessoas no Brasil ainda dependem de lenha e carvão vegetal.
A importância das entidades estudantis
O último dia da SGE foi marcado pela presença das entidades estudantis da USP. O painel Empreendendo para além das empresas propôs uma discussão sobre os benefícios do empreendedorismo voltado para a sociedade. Organizado pela Enactus, Empreende Sim! e FEA Social, o encontro contou com a mediação de Janaina Barreta e a participação de Alecs Tsuka, co-fundador do São Paulo 2030, e Thalita Ribeiro, gerente de portfólio da área de TI da Cargill, empresa da área de alimentos.
Em seguida, aconteceu a apresentação GOV.tech e startups, realizada por Alex Debatin, mentor na Finep, SERPRO, Cietec, entre outros. Organizada pela Vertuno, Empresa Júnior do curso de Gestão de Políticas Públicas da USP, a palestra ofereceu dicas sobre como vender o projetos e serviços para o govern0, leis que favorecem startups e uma explicação sobre a nova Lei de Licitações.
De forma simultânea, o fim da tarde contou com a apresentação Mensurando a inovação, oferecida pelo Núcleo de Empreendedorismo da USP – São Carlos (NEU-SC) e a Liga de Empreendedorismo de São Carlos (LESC). Os diretores gerais das entidades, Iury Lacerda e Matheus Silva, respectivamente, apresentaram os resultados do Report SancaHub, pesquisa sobre as startups e o ecossistema de inovação da cidade de São Carlos.
A outra apresentação foi o Futuro da tecnologia no mercado financeiro, organizada pela FEA.dev em parceria com o Elas no Mercado Financeiro. Mediado por Julia Cerqueira, graduanda em Economia pela FEA-USP, o evento contou com a presença de Samille Leme, product specialist na MB Startups, e Alice Saraiva, primeira presidente mulher da FEA.dev e estagiária de equity trading no banco Goldman Sachs. Elas expuseram as oportunidades para mulheres nessa área.
O dia também contou com uma mentoria para a criação de startups oferecida pelo Laboratório de Empreendedorismo USP (eLab), o workshop Gerindo a comunidade da sua entidade estudantil, realizado por André Rod, internacionalista e coordenador de Ecossistema e Comunidades na Associação Brasileira de Startups (Abstartups) e a apresentação do programa de residência em inovação do NIDUS.
Prêmio USP de Empreendedorismo
O encerramento da Semana foi marcado pela competição de pitches dos finalistas do Prêmio USP de Empreendedorismo. As startups GreenSeed, OncoAI, Milie Mind, BSV Robotics e StrokeScan tiveram cinco minutos para apresentarem suas soluções para o júri.
A grande vencedora da noite foi a BSV Robotics, que desenvolveu o primeiro robô para o monitoramento e controle do bicudo-do-algodoeiro, o inseto de maior incidência e potencial de dano às plantações de algodão. O robô, chamado de bicudobot, utiliza câmeras inteligentes para detectar e mapear plantações, fornece análises da infestação e facilita o controle localizado e seletivo, o que reduz a necessidade de inseticidas e diminui impactos ambientais.
A startup foi agraciada com os seguintes prêmios: uma bolsa em um curso de MBA da Esalq-USP, oferecida pelo Pecege; um voucher de R$ 200, para cada membro da equipe, para ser utilizado em livros na Edusp, no total de até R$ 2000; um pacote de 3 sessões na Consultoria Semeadura; ingressos, para cada membro da equipe, para a Conferência Anual de Startups e Empreendedorismo; o valor de R$ 1000 em dinheiro e a prerrogativa para utilizarem a nomeação Vencedor(a) do Prêmio USP de Empreendedorismo do Ano 2024.
A startup OncoAI ficou com o segundo lugar e a StrokeScan, com o terceiro.
Por: Julia Martins*
*Estagiária sob supervisão de Ronaldo Nina