Programa Emerge Labs #Eurofarma auxilia projetos científicos a chegarem ao mercado

Empresa DSMA foi selecionada em 2019 para participar da iniciativa feita em parceria com a multinacional Eurofarma

 

Em maio, o Momento USP Inovação recebeu Daniel Pimentel, diretor da Emerge, para contar sobre o programa Emerge Labs #Eurofarma. Desenvolvido junto à multinacional brasileira Eurofarma, seu objetivo é dar suporte para projetos científicos desenvolvidos em universidades, institutos e centros de pesquisa, para que possam levar sua pesquisa ou tecnologia ao mercado.

Agora, o diretor retorna ao Momento USP Inovação para contar como está sendo a experiência da realização do programa, e traz como convidada Marília Bixilia, doutoranda em microbiologia na USP e empreendedora da DSMA, uma das empresas selecionadas para participar.

Pimentel conta que, antes do início do programa, a Emerge e a Eurofarma decidem em conjunto uma frente tecnológica a ser explorada. Para a edição de 2019, buscaram projetar cientistas que estão desenvolvendo tecnologias no segmento “ciências da vida”. “Não estamos falando de um aplicativo, plataforma ou consultoria, mas sim de ciência de ponta sendo desenvolvida e projetada”, comenta.

Ele comenta que a edição foi muito exitosa, contaram com 70 inscrições com formação muito qualificada, 36% dos inscritos tinham pós-doutorado. “Após uma análise cuidadosa de maturidade da tecnologia, tempo da tecnologia, das competências empreendedoras da equipe, selecionamos 16 projetos, seis deles são da USP”.

(imagem: Cecilia Barros /USP imagens)

O programa funciona com duas mentorias de formação organizadas pela Emerge, com intervalo de 5 semanas entre si; nesse meio tempo, a Eurofarma realiza suas próprias mentorias para “direcionar de fato a solução para cada cientista em sua rota tecnológica”. Pimentel conta que o primeiro encontro já aconteceu e os 16 projetos se reuniram por dois dias na Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA) da USP. “A ideia foi tentar entender o próximo passo desses projetos tecnológicos, construindo de forma muito técnica as competências e habilidades empreendedoras e as ferramentas necessárias para levar de fato a pesquisa até o mercado”, explica o realizador.

Após esse primeiro encontro, as próprias empresas definiram seus desafios – seja de caráter tecnológico ou empreendedor. Então, no dia 2 de agosto elas realizarão uma visita técnica no complexo de Itapevi da Eurofarma, para, nos dias 3 e 4 seguintes, participarem de mais um encontro para discutir seus projetos. O programa se encerrará em um evento no dia 6 de agosto, em que todos apresentarão seus resultados.

O que chama a atenção no programa Emerge Labs #Eurofarma é o fato de darem um destaque especial para o caráter científico dos projetos. Daniel Pimentel pontua como os negócios que surgem da ciência possuem peculiaridades que os temas do cotidiano empreendedor tradicional não contemplariam por completo. Por exemplo, o licenciamento da tecnologia ou os aspectos de propriedade intelectual.

Esse recorte específico do empreendedorismo aplicável em negócios de base científica chamou a atenção da bióloga Marília Bixilia. Junto a seu orientador, ela inscreveu a empresa DSMA no programa e foi selecionada. “Há muita informação para empreendedores em geral, mas esse recorte científico é muito complexo, é importante esse foco”, comenta. Ela explica que a DSMA nasceu do empreendedorismo de professores universitários e está no mercado há 10 anos, fazendo análises microbiológicas para institutos de pesquisa e universidades. Um diferencial é que a ideia comum ao se pensar em micro-organismos seria o foco em análise clínica, porém, Marilia comenta que a DSMA foca em micro-organismos associados à plantas.

“No nosso caso, trabalhamos com os micro-organismos relacionados à plantas, geralmente com interesse econômico para trazer ganho de produtividade. Por exemplo, na área industrial, podemos tratar com a produção do micro-organismo em si como produto”, complementa a cientista.

Dentro do programa, o foco da DSMA é trabalhar com o desenvolvimento de um novo projeto. Ela explica que estão estudando uma bactéria associada à cana-de-açúcar com capacidade de formar uma cápsula. “Dentro dessa cápsula, ela tem a capacidade de ligar outras moléculas. Assim, ela consegue dar estabilidade para a molécula que carregará consigo e poderá direcioná-la para seu local-alvo. Isso diminui os efeitos colaterais e a quantidade de droga necessária para se atingir um efeito demandado”, conclui.

Por Leonardo Lopes – Jornal da USP

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