Óleo essencial auxilia no tratamento de otite para cães e gatos

Agindo, também como anti-inflamatório, o óleo possui mais de 20 ativos diferentes que dificultam resistência dos microorganismos

Causada pelos microrganismos presentes nos ouvidos de cães e gatos, a otite externa é uma doença com alto grau de ocorrência. A doença se prolifera em um ambiente inflamado e os microorganismos têm se mostrado mais resistentes aos medicamentos atuais, o que dificulta o tratamento.

Pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) desenvolveram uma microcápsula utilizando um óleo essencial da Lippia sidoides (também conhecido como Alecrim-Pimenta) com alto potencial contra a otite externa. A variedade de ativos na nova fórmula aliado à sua ação anti-inflamatória aumenta sua efetividade no combate a doença.

Atualmente, para combater a proliferação da otite em cães e gatos é necessário utilizar o medicamento aliado a um anti-inflamatório.“O óleo essencial da Lippia sidoides tem propriedade anti-inflamatória, então, o composto também combate a inflamação”, afirma Iara Baldim, doutoranda do LAPROFAR (Laboratório de Pesquisa e Desenvolvimento em Processos Farmacêuticos).

“Ele vai combater, tanto o microorganismo, que se proliferar devido a um problema no ouvido, quanto a inflamação”, complementou.

A maior contribuição do Alecrim-Pimenta é que sua propriedade química possui vários ativos, o que dificulta a criação de resistência por parte dos microorganismos. Os medicamentos atuais, possuem apenas um componente, o que dificulta o combate à doença e, facilita a recorrência da otite externa.

“A diversidade de ativos dificulta que o microorganismo crie resistência. Ele consegue criar resistência a um ativo, mas não consegue desenvolver resistência contra 20 ou 30 ativos diferentes”, evidenciou Iara Baldim.

A fórmula passou pela prova de conceito, sendo testada contra cepas selvagens retiradas de cães e gatos que possuíam a doença. Normalmente, os testes são feitos com cepas criadas, que costumam a ser mais fracas, mas a ideia dos pesquisadores era testar o produto contra uma resistência maior.

Os próximos passos de acordo com os pesquisadores, são o desenvolvimento de formas farmacêuticas, colocando as em cremes, pomadas e gel. No final, ainda será testado uma dose recomendada para aplicação.

Desenvolvida na Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto (FCFRP-USP), o protótipo foi patenteado pela Agência USP de Inovação.