Método mais eficiente na produção de antifúngicos é patenteado pela Auspin

Tendo um maior espectro de ação e sendo mais barata, a tecnologia foi criada em conjunto entre o Instituto de Ciências Biomédicas(ICB-USP) e a Faculdade de Ciências Farmacêuticas(FCF-USP).

Apesar de pouco noticiadas, as infecções fúngicas são recorrentes e causam diversas mortes. No Brasil, são registrados anualmente cerca de 4 milhões de casos de infecção fúngica, de acordo com um levantamento da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre. O pessimismo ainda é maior quando avaliado o aumento da resistência aos tratamentos tradicionais e os altos custos dos remédios.

Um grupo de pesquisa da Universidade de São Paulo, criou um novo método baseado na síntese de derivados de 2-oxazolinas capaz de atuar como um antifúngico eficiente. A tecnologia, recentemente patenteada pela Agência USP de Inovação, tem um menor custo, menor toxicidade e um maior espectro de ação que o fluconazol, atual fármaco do mercado.

Ativo apenas para leveduras patogênicas(Candida e Cryptococcus), o fluconazol não consegue atuar contra todas as doenças, pois algumas espécies de Candida são resistentes ao medicamento.

O novo método difere estruturalmente dos fármacos comerciais e serão uma alternativa no tratamento de infecções que não respondem aos antifúngicos convencionais. Outro benefício é que a síntese de 2-oxazolinas tem efeito sobre duas espécies resistentes ao fluconazol, Candida krusei e Candida glabrata, sendo assim, mais eficaz.

Candida glabrata é um dos fungos atingidos pelo novo remédio(Foto: Ewa Ksiezopolska & Toni Gabaldon, CRG).

Os pesquisadores ainda revelaram o avanço que a tecnologia representa, afirmando que a síntese pode representar um avanço no tratamento de micoses. “Com a pesquisa dessas moléculas como agentes antifúngicos poderemos avançar no desenvolvimento de uma nova opção no tratamento das micoses, principalmente as sistêmicas em que as taxas de morbidade e mortalidade são elevadas, muitas vezes devido a falta de um medicamento apropriado”, afirma a coordenadora da pesquisa Kelly Ishida.

Sendo hepatotóxico, o fluconazol ataca o fígado humano, não podendo ser utilizado para pessoas com problema no órgão ou que possuam um sistema imunológico fragilizado. “As novas moléculas teriam a vantagem de além de agir contra essas leveduras, serem ativas para as espécies resistentes”, evidenciou a professora Kelly Ishida. “Elas, também, não apresentaram efeito tóxico sobre hepatócitos humanos (células do fígado reponsáveis por sintetizar proteínas)”.

De acordo com os pesquisadores, a ideia prevê que pacientes mais suscetíveis a infecções sistêmicas serão os maiores beneficiados pelo novo tratamento. Os pesquisadores acreditam que o novo método seria mais eficaz em um sistema imunológico mais fragilizado, em contrapartida as falhas aparentes do fluconazol.

Tendo um bom rendimento, os compostos são mais baratos e acessíveis, o que torna a propagação do medicamento mais fácil. O custo do fármaco é menor por conta dos processos mais simples envolvidos. Os pesquisadores acreditam que com esses fatores a propagação do medicamento seria facilitada.

Recentemente patenteada pela Auspin, o projeto toma novos rumos para a confirmação de que o novo método criado possa representar mudanças contra o tratamento de doenças fúngicas. A inovação ainda passará por novas avaliações, que medirão a eficácia e a toxicidade do fármaco por meio de modelos murinos – teste em roedores.

 

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