Descoberta poderá gerar antibióticos menos tóxicos e que superam resistência de bactérias causadoras de infecções
No Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da USP, pesquisa identificou uma enzima capaz de alterar as propriedades dos aminoglicosídeos, moléculas produzidas por bactérias e usadas na medicina como antibióticos. A enzima atua no processo de formação das moléculas de antibióticos como a gentamicina, a canamicina e a tobramicina, fazendo-os superar a resistência de micro-organismos causadores de infecções. A descoberta poderá levar à produção, por vias naturais, de antibióticos mais eficazes e com menos toxicidade.
O antibiótico estudado na pesquisa é a gentamicina, produzida pela bactéria Micromonospora purpurea. “Essa bactéria faz parte de um grupo chamado actinomicetos, que possuem enzimas capazes de transformar a glicose em moléculas usadas como mecanismo de defesa contra outros micro-organismos”, relata o professor Marcio Vinícius Bertacine Dias, que coordena a pesquisa. A glicose transformada pelas enzimas dá origem ao antibiótico. “A gentamicina faz parte do grupo dos aminoglicosídeos, antibióticos derivados da glicose, e o primeiro desse tipo a ser descoberto e usado como medicamento foi a estreptomicina, que foi amplamente utilizada no tratamento da tuberculose”.