Exame pode diminuir em até 81% cirurgias desnecessárias da tireoide

Desenvolvida em Ribeirão Preto, inovação deve reduzir gastos em mais de 60% e proporcionar mais conforto aos pacientes

Uma solução desenvolvida por uma startup de Ribeirão Preto promete solucionar um sério problema na saúde no Brasil: como determinar quando uma cirurgia para retirada de nódulos indeterminados na tireoide é realmente necessária? Batizada de mir-THYpe, a inovação é resultado do trabalho da Onkos, empresa ligada ao Supera Parque de Inovação e Tecnologia, no campus da USP, em parceria com o Hospital de Câncer de Barretos, e tem potencial para reduzir em até 81% o número de cirurgias desnecessárias da tireoide no Brasil.

De acordo com dados da empresa, a estimativa é que todos os anos sejam realizadas cerca de 40 mil cirurgias no País, sem que haja real necessidade. “Isso acontece porque o método utilizado para identificar quando um nódulo é benigno ou maligno não é tão preciso. Hoje, é realizada uma punção no nódulo para a retirada de células que, posteriormente, serão analisadas pelo médico no microscópio, e é ele quem vai classificar o material como benigno ou maligno”, explica Marcos Santos, CEO da startup.

O problema do método de exame atual, denominado de PAAF, é que em cerca de 20% a 30% dos casos não é possível determinar a benignidade ou malignidade do nódulo. “Isso acontece porque o médico não tem informação suficiente para definir o diagnóstico e esse nódulo é então classificado como indeterminado. Como existe a chance desse nódulo ser maligno, o paciente é geralmente encaminhado para cirurgia de retirada parcial ou total da glândula, mesmo sem que haja a certeza se isso era de fato necessário”, enfatiza Santos. E completa: “Só depois da cirurgia é possível identificar que em até 80% dos casos de diagnósticos indeterminados, o nódulo era benigno e o procedimento cirúrgico era totalmente dispensável”.

 solução apresentada pela startup deve diminuir a incidência desses casos utilizando algoritmos de inteligência artificial e aprendizado de máquina. “A Onkos desenvolveu um exame diagnóstico chamado de mir-THYpe que primeiramente realiza a análise do material genético do paciente e em seguida utiliza algoritmos que permitem identificar assinaturas genéticas específicas, capazes de classificar o nódulo indeterminado em benigno ou maligno”, explica.

Testado em 95 pacientes do Hospital de Câncer de Barretos  (SP), o exame atingiu 96% de Valor Preditivo Negativo –parâmetro estatístico que determina a eficácia do produto. “Os testes mostraram que apenas 4% dos casos sabidamente benignos foram classificados de forma incorreta, valor superior inclusive à performance da PAAF que já é realizada atualmente.”

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